Cada vez mais enfraquecia o governo dos sucessores de Carlos Magno em toda a Europa. A partir do
século IX até o
século XII, uma nova organização social, política e econômica se firmava com o nome de
feudalismo.
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O feudalismo teve raízes remotas, numa situação econômica dos últimos
séculos do Império Romano, quando a terra se tornou a principal fonte
de riqueza e a agricultura, a atividade predominante. Na Idade Média, a
sociedade era modesta, tinha vida simples, e voltada para os campos. As
freqüentes guerras, as estradas ruins traziam graves prejuízos para as
transações comerciais. Nessas condiçôes, os grandes proprietários de
terras se tornavam donos de grandes riquezas e exerciam forte domínio
sobre os demais, enfraquecendo o poder dos reis.
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Quem possuía pouca terra ou não possuía tinha que se colocar à
disposição dos ricos senhores, contentar-se em cultivar os campos ao
fundo dos feudos deles e, em troca, receber uma pequena parte dos
frutos.
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A Idade Média, sem dúvida, é a soma de várias mudanças introduzidas
pelos bárbaros na Europa Ocidental. Com os bárbaros houve a quebra da
unidade política romana. Alguns costumes bárbaros foram seguidos na
sociedade feudal, como o
comitatus,
que era um acordo de fidelidade feito entre os chefes bárbaros e seus
guerreiros, o que acabava formando um forte relacionamento de
dependência interpessoal.
[57] Outro costume foi o beneficium, usado entre os bárbaros, que era a doação de terras aos guerreiros que venciam as batalhas.
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Mudando a situação econômica, também a organização política adquiriu
um novo aspecto. Os reis, enfraquecidos, começaram a pedir a ajuda dos
ricos senhores de terras, tanto na parte financeira como na parte
militar. Esses reis acabavam doando terras em troca dos serviços
recebidos. Essas doações de terras entre reis e ricos senhores e entre
estes e os senhores de menores posses foram chamadas de
feudos. O rei doava as terras numa cerimônia chamada
investidura. Aquele que recebia a terra chamava-se
vassalo
do rei. O vassalo fazia o juramento de fidelidade e apoio ao rei e
este, em troca, lhe prometia apoio financeiro e proteção militar.
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De modo semelhante, senhores com menos fortuna se colocavam ao dispor
de nobres de menos posses, que também passavam a ser seus vassalos e
protegidos. Nascia, assim, a submissão direta de um homem a outro homem e
o
acordo de fidelidade
- isto se tornou o fundamento do feudalismo. Havia, então, uma relação
de respeito e obediência nessa sociedade: suserano era aquele que doava o
feudo e vassalo era quem recebia o feudo. O rei era o
suserano dos suseranos, mesmo não tendo o poder, que se achava dividido entre muitos.
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Esses feudos se tornaram auto-suficientes, produzindo tudo de que a
população local precisava, desde os alimentos, o vestuário, a madeira
até os artefatos de ferro. Por necessidade de se protegerem contra
constantes guerras e invasões, construíram castelos fortificados, que
eram as sedes dos feudos.
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sociedade:
A organização social foi determinando, pouco a pouco, a fraqueza do
poder real. Concedendo o benefício de feudos aos vassalos, os reis
concediam também direitos internos, chamados
imunidades.
Para o rei sobravam os encargos de administrar a justiça, os impostos, e
o direito de chamar os homens às armas. Desse modo, os vassalos
acabaram levando vantagens e algumas vezes entravam em atrito contra o
próprio rei, que não conseguia manter o controle sobre seus territórios.
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No período feudal, a sociedade era dividida em classes distintas,
cada uma com funções diferentes. A classe mais forte era a dos
nobres, desde os títulos mais altos (marqueses, condes,
duques) até os simples
cavaleiros.
Aos nobres era dada a responsabilidade da guerra, e eles gastavam do
seu próprio bolso para comprar os armamentos necessários, para selar e
manter seus cavalos.
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Ao lado dos nobres, quase no mesmo plano, estava o clero, isto é, os
membros da Igreja (como os padres, os bispos, os abades), que geralmente
eram ricos e influentes.
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A classe inferior era constituída pelos artesãos, poucos e pouco
importantes, e pelas grandes massas de camponeses, que trabalhavam
duramente, mas em condições diferentes dos escravos. Como a maioria das
terras eram feudos pertencentes aos nobres ou aos membros da Igreja,
sobravam poucas propriedades livres ao redor dos feudos.